quarta-feira, 31 de março de 2010

PRISIONEIRO DA POESIA

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PRISIONEIRO DA POESIA

Quero enclausurar-me,
Suspenso nos cabos dilacerantes do sábio tempo.
Deixem-me uma nesga de céu para contemplar,
Nestas pérfidas masmorras da penitência,
Casto castigo numa autenticidade impiedosa e sem escrúpulos
Ah, Meu deus,
Sei que será tarde,
Quando a foice cintilante da morte me beijar,
Sinto mumificarem-se os rios,
Secando planaltos estendidos em sonhos e convicções.
Dizei-me poetas das arábias,
Que ventos se levantam,
Rasgando feridas ácidas nos ventres inférteis dos sentidos?
Libertem-me de tudo o que me enoja de ser homem,
Neste marasmo que não ousei sequer desejar!
Bastar-me-á pão e água e o dom da palavra pra erguer a igreja onde sou Deus.
Não me tirem as logorreias de poesia que me trespassam o corpo e explodem nos meus lábios como lava incandescente dum vulcão.
Não me tirem a poesia,
Que respira em mim por cada poro,
Apenas me impeçam de escrever poesias tristes,
Porque essas...
Ah, Meu Deus,
Essas, dói tanto vivê-las...

Regensburg
30-03-10
Beija-flor



segunda-feira, 29 de março de 2010

MANJAR DE DEUSES






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MANJAR DE DEUSES

Marinei pacientemente o coração
Para que apurasse bem aquele sabor,
Temperei a preceito e com paixão
A refeição
Do nosso amor.
Cortei umas rodelas de loucura,
Piquei um raminho de prazer,
Deixei o desejo levantar fervura
E a doçura
Lentamente derreter.
Salteei em lume brando a fantasia
Lancei uma pitada de carinho,
E pra que não esturrasse a fantasia
Com alegria
Misturei vinho.
Apurei com meu olfacto esta fragrância
Reduzi a temperatura prà apurar,
Deixei gratinar bem a confiança
Na esperança
De te agradar.
Decorei por fim e a preceito,
A travessa em fios de linho,
Manjar dos Deuses num leito,
Perfeito
E com bom vinho.
Iguaria que jamais alguém julgou
Servido com elegância em acepipe,
Não me bastou,
Mas aguçou
Nosso apetite.

Regensburg
25-03-10
Beija-flor


sábado, 27 de março de 2010

BREVE VISÃO

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BREVE VISÃO

Espreguiçou-se calma esta madrugada

Aconchegando marasmo aos sargaços,
Entoando beijos na praia ancorada
Numa maré cheia, mas cheia de nada,
Tacteei o sussurro dos teus passos.

Abandonei-me ali, mãos destemidas,

Inventado mil pedaços de lonjura,
Perdendo o freio, lambendo as feridas,
Furando o tempo, rasgando vidas
Numa breve nesga da loucura.

Trazias Tágide, ornamento nos cabelos,

Dum desassossego, ninguém adivinha.
Quis colher nos lábios teus marmelos
Içar bandeiras, conquistar castelos,
E coroar-te minha rainha.

Regensburg

24-03-10
Beija-flor

terça-feira, 16 de março de 2010

CINZENTO


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CINZENTO

Sou um passo inseguro
Andar informal, desleixado,
Apenas um risco no muro
Pelos tempos tricotado.
Sinto pisadas na estrada,
Sofridas marcas no chão
A essência elaborada
Pelo destino, prisão!
Anseio o cheiro do pó
Num teimar tão assolado.
Na boca, sabor sem dó
Do teu corpo desvendado!
Assim me acho, recluso
Beijando a chuva caída,
Nesta janela sem uso
Que deduzo,
Seja a vida!

Regensburg
16-03-10
Beija-flor



domingo, 14 de março de 2010

NADA MUDA

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     NADA MUDA

Embosquei-me na praia
Deitado no espanto,
Gaivotas na faina
Roubando o encanto!
Barcos inertes,
Ao relento
Rasgando a areia,
E solta no vento
Vinha a maré cheia.
Pensei numa tela
Pintar por capricho,
A imagem bela
Fundida no lixo.
Choveram mil horas
Desde que aqui estou,
Molhado em demoras
E nada mudou.

Regensburg
14-03-10
Beija-flor


quarta-feira, 10 de março de 2010

CICATRIZ

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               CICATRIZ

Neste mar onde a saudade não míngua,
Formosas crinas de cavalos a galope,
Inventar novas palavras, outra língua,
Desventura renascida da má sorte!

Nas rochas negras me embrenho,
Lançando lágrimas a esta imensidão,
Juntando a dor profunda ao Mar tamanho,
Que em silêncio são a minha multidão!

Ninguém escreveu nos versos do destino,
Que cruzavas caravela, este meu Mar,
Baralhando as vagas densas do divino
Amor que tenho e não tenho a quem o dar.

Deixa-me embalar mesmo sem sono,
No horizonte deste azul em correria,
Abafando o desespero e o abandono,
Que me deste meu amor, eu não queria.

Há momentos que em nós são eternidade,
Talvez sonhos de sustento e de suporte,
Tu foste o sonho dum momento sem idade,
Que me fez amor por ti, voltar da morte!

Regensburg
10-03-10
Beija-flor

domingo, 7 de março de 2010

DESESPERO

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  DESESPERO

Por delicados trigais,
Baila o vendo envaidecido.
Trinam saudade os pardais,
Nos jardins e catedrais,
Dum tenro dia esquecido.

Surge fiel , beleza estranha,
Intocável traço no céu.
Sobe a compasso a montanha ,
Paciente teia d’aranha,
A lenda de Prometeu.

Sela-se em nós a aliança,
Das palavras não tocadas,
Num silencio que descansa,
Em agres gomos , fiança
De solidões abraçadas.

Descansa o sonho lembrado ,
Ténebres sombras erguidas.
Uma brisa do passado,
Nos vales de breu, despenhado
Sobre utopias fingidas .

Jardins replectos , sedução
Nos canteiros do desespero.
Pedaços de vida , chão
Trilhas pra ressureição,
Dum amor qu’em mim venero.

Estalar de gelo extridente,
Radiosa surge ela , a estrela
Despediu-se talvez pra sempre,
Deixando no ar eminente,
Que não voltarei a vê-la .

Regensburg
27-01-10
BeijaFlor 


quinta-feira, 4 de março de 2010

DANÇA

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            DANÇA

Teu corpo é uma dança
Nas cearas d´aventura,
Um crescer qu´em mim avança
Numa explosão de loucura.

Nos arraiais da saudade
Toca a velha concertina.
És o queimar da cidade
Em tua dança divina !

Num mar estrelado , cativo
Toca meu , o teu olhar
Frenetico passo conciso,
Neste impreciso bailar !

Contra meu peito insinuas
Desejo nobre , excitante ,
És purpurina nas ruas
Numa dança provocante .

Envolve-me sem pudor
Doirada espiga de trigo
Liberta em ti o amor ,
E dança esta noite comigo .

Regensburg
20-01-10
BeijaFlor

segunda-feira, 1 de março de 2010

ESQUIVA

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ESQUIVA

Deita-te em meu pensamento,
Galera de vela rasgada.
Neste lato Mar sedento,
Por chegar antes de tempo ,
A este inicio d’estrada.

Adormece em minha fronte.
Gaivota ferida , heroina,
Utopia sem horizonte,
Perdida , sozinha a monte,
Na fronteira da ravina.

Encarna-te no meu peito ,
Vento ancestral , sapiencia.
Rio confuso imperfeito,
Neste céu onde me deito,
Origem da existencia.

Amarra a mim teu destino,
De magia e percepções.
O tapete de aladino,
Velando á deriva divino,
É espinho das emoções !

Rouba-me a alma vendida,
Por um punhado de lua,
A teus pés a tens rendida,
Nesta e noutra vida,
Minh‘alma... será só tua...

Regensburg
01-11-09
BeijaFlor