segunda-feira, 14 de junho de 2010

TÃO PERTO DO FIM

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TÃO PERTO DO FIM

Deixa correr os desígnios, tempestades
A rasgar no horizonte os fins insanos
As flores selvagens nascem da saudade,
E morrem nos pinhais dos verdes anos.
Procuram passagem, furando cantigas
Nos beijos da noite, das noites antigas.

No gume do espanto, resiste o herói
Um génio da estrada, buscando firmeza
Nos passos doridos da vida que dói
Em montes aos montes de mera tristeza.
São tantas nem sei, estradas de mim
Te vendo à distância, tão perto do fim.

E caiem poemas dos braços despidos
Da fome dos sonhos, o verde escolhi
E a raiva se cala mordendo os sentidos
No pudor de teus lábios, ardentes garridos
No alto do alto, ao cimo de ti.

Os penhascos se erguem no céu de ametistas
Usando o desejo à beira da dor
Ficaram as perdas de minhas conquistas
Como sombra breve que foi teu amor.
Eu escrevi a lenda da fada encantada
Que não teve o fado de a mim ser fadada.

Sabes-me o cansaço, o meu ponto fraco
Contei-te meus sonhos, meus medos, meu querer
Falámos aos copos em honra de Baco
Bebedeiras frémitas, em dores de morrer.
Ainda te vejo lá longe distante
Tão perto do longe de seres triunfante.

Ainda te vejo no fundo do tempo
Tão fundo e profundo no fundo de mim
Tão grande e tão curto se fez o momento
No tempo do tempo de chegar ao fim.
Te afastas na brisa do vento que corre
Partindo e matando o que em mim não morre.

Regensburg
11-06-2010
Beija-flor