COISAS TÃO NOSSAS
Esta herança de saudade, este sofrer
talhando em belos rostos a escultura
donde veio impertinente esta amargura
que me dão sem perguntar se quero ter?
E no nascer da aurora mal fadada
cresce na alma, entrelaçada hera
e beijo os labios duma boca que não espera...
ái quem me dera,
não ter a vida traçada!
Junto minhas penas ás da guitarra
neste chorar triste que me dá a mão
e testemunho o soluçar que nos desgarra...
como é bizarra
nossa solidão!
E o povo nas lezirias da má sorte
vai lavrando gestos frios de metal
numa concepção sofrida que suporte
este querer, este viver que é abismal.
Donde vem, porque é tão estranha?
que parente tão lacrimal
te deu a tristeza tamanha
e te chamou Portugal?
Regensburg
12-08-2010
Beija-flor